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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

CECILIA MEIRELLES


Perly Cipriano em um discurso em Florianópolis (SC)

Para uma platéia de 200 Ciganos que vivem em Santa Catarina das raças Calderach e Calon, o subsecretario de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, anunciou a instalação do segundo Centro de Referencias dos Povos Ciganos na capital catarinense.

O evento realizado na Assembléia discutiu as principais reivindicações dos ciganos:

- Aposentadoria

- Respeito aos costumes e crenças

- Inclusão digital

- Inclusão nos programas de saúde

- Participação em todos os programas do governo como, por exemplo, bolsa-familia. Segurança para os acampamentos, constantemente desrespeitados, também é uma das principais reivindicações. “NOSSAS BARRACAS SÃO NOSSO DOMICILIO ”.

Cipriano lembrou de alguns ciganos brasileiros famosos, como Juscelino Kubitschek. De origem austro-húngaro.

Alem dele, a lista de ciganos famosos inclui a poetisa Cecília Meirelles, o palhaço Carequinha e o violinista Guerra Peixe.

Aqui deixo alguns dos poemas ciganos feitos por Cecília Meirelles.



Cecília Meirelles

Canto Cigano

Seus cabelos,

Balançavam com o vento.

Ela dançava,

Dançava de dia,

Dançava de tarde,

Dançava à noite.

À noite,

Enquanto os archotes brilhavam,

E punham nela muitos fulgores,

Ela sorria e sorria...

Para quem sorria?

Para ninguém.

Bastava, para ela,

Sorrir para si mesma.

Sorria...

Sufocando o pranto,

Que lhe inundava a alma.

Porque, se ela chorasse,

Todos choravam também.


Canto Cigano
E ela tinha que sorrir,

Cantar,

Dançar.

Bailando,

Como baila o vento,

Cantando,

Como cantam as aves,

Só, tão só...

E, no entanto, dona absoluta,

De todos os olhares,

De todas as mentes,

Que estavam ali.

Cada um achando,

Que era para eles que ela sorria,

Quando, na verdade,

Ela não sorria para ninguém,

Ela sorria para si mesma.


Canto Cigano

O tempo passou...

E, no vento tão forte,

Que muda a vida,

Mudando as pessoas de lugar,

Daqui para acolá.

Um dia,

Ela deixou de dançar,

Mas não deixou de cantar.

Mesmo na solidão dos pinheiros gelados,

Fazia, com os rouxinóis,

Um dueto encantado.

O rouxinol cantava de tristeza,

Ela cantava de saudade,

De dor...

Por onde andará?

Como estará a terra dos meus amores?

Aonde estarão aqueles,

Que pisam, firme, o chão?

Aonde estará o meu povo?

Será que estão como eu...

Na solidão?


Canto Cigano
Canta, cigana,

Canta...

Deixa que o vento da vida te carregue,

Que a brisa te abrace

E que as folhas te teçam arpejos,

Nos ninhos dos pássaros.

A solidão nos faz

Aprender a viver,

Dentro de nós,

Num castelo encantado.

Onde se é possível,

Chorar sozinha

E rir, feliz,

Para todos os passantes,

Caminhantes,

Andantes de muitas terras,

De muitos sonhos,

De muitas estradas.


Canto Cigano
Deixa voar,

O seu sonho de paz,

Porque, um dia, você terá.

Não chore,

Não chore, cigana,

Cante.

Porque, mesmo sem cantar,

Você encanta.

E, Mesmo chorando,

Você sorri.

Deixa o tempo passar,

Deixa as folhas voar,

Voar...

Porque, um dia,

Paz você terá!