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quinta-feira, 7 de abril de 2011

8 de Abril Dia Internacional do Cigano - 2011 Homenagem

JÓIAS DA ARTE REAL – POVO DE OURO


Por: Celso Jaymes




Se todas as culturas e línguas dos povos fossem preservadas, com certeza o mundo atual estaria mais enriquecido com a história dos homens. Hoje poderíamos entender melhor nossa trajetória neste planeta.


Como todos sabem a maior jóia de um povo é sua liberdade. O único povo que se espalhou pelo mundo todo sem entrar em guerra com ninguém foram os ciganos. Sempre foram perseguidos, mas apesar disso são guardiões da liberdade. Seu grande lema é: “O Céu é meu teto; a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião“, traduzindo um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cerceadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas.


A vida é uma grande estrada, a alma é uma pequena carroça e a Divindade é o Carroceiro.


Uma das paixões do povo cigano são as jóias imortalizada através de um estilo de adornos, virando um mito em todas as partes do mundo.


Chama sempre a atenção das pessoas as jóias que os ciganos usam, principalmente moedas e medalhas, algumas com símbolos que não são conhecidos pela maioria das pessoas, além de outros, já mais comuns, como os glifos dos signos (sinais gráficos que representam cada um dos signos do Zodíaco), os arquétipos (símbolos de conhecimento comum, como a pomba branca, simbolizando a paz, por exemplo), e outros símbolos.


Tradicionalmente, muitos grupos ciganos dominam o trabalho com metais. Algumas etnias carregam isso até no nome, como os kalderash (“caldeireiros”, em romani). No Brasil, os ciganos participaram da exploração de minas de ouro no século 18. Junte-se  tudo isso à fama de trapaceiros e fica fácil entender a crença de que eles falsificam metais.


A história dos ciganos é toda baseada em suposições. E a razão é simples: faltam documentos. Os ciganos são um povo sem escrita. Eles nunca deixaram nenhum registro que pudesse explicar suas origens e seus costumes. Suas tradições são transmitidas oralmente, mas nem disso eles fazem muita questão – os ciganos vivem o hoje, não se interessam por nenhum resquício do passado e não se esforçam por se manterem unidos. A dificuldade em se fixar, o conceito quase inexistente de propriedade e a forma com que lidam com a morte – eliminando todos os pertences do falecido – dificulta ainda mais o trabalho aprofundado de pesquisa.


Mas, apesar de todas as divergências, algumas características permitem traçar um perfil comum a esses grupos. A primeira delas é o espírito viajante. Ainda que nem todos sejam nômades, os ciganos não se sentem pertencentes a um único lugar. Não criam raízes, não têm uma noção concreta de propriedade – estão sempre fazendo negócios com seus pertences, preferencialmente em ouro, que não perde valor e é aceito em qualquer nação (por isso a imagem cigana é vinculada ao uso do ouro como adereço, especialmente nos dentes das mulheres).


Também mostravam o poder econômico de um Clã, quantos dentes de ouro tivessem na boca de um ciganoele era mais e mais respeitado.





Eles não gostam de se submeter a leis e a regras que não sejam as deles.



Em sua maioria, os ciganos são artistas (de muitas artes, inclusive a circense); e exímios ferreiros, fabricando seus próprios utensílios domésticos, suas jóias e suas selas. Rotulados injustamente como ladrões, feiticeiros e vagabundos, os ciganos tornaram-se um espelho onde os homens das grandes cidades e de pequenos corações expiaram suas raivas, frustrações e sonhos de liberdade destruídos. Pacientemente, este povo diferenciado, continuou sua marcha e até hoje seus estigmas não sararam.
A sociedade cigana é patriarcal, quase machista. Ao se casar, o homem vira o responsável pelo sustento do lar. A mulher passa a morar com a família do marido e deve cuidar dele, dos sogros, da casa e dos filhos. Isso costuma acontecer cedo, ainda na adolescência: logo após a primeira menstruação, a menina já é considerada apta para casar e ter filhos. A noiva deve ser virgem. Tradicionalmente, sua pureza é comprovada em um dos rituais da longa festa de casamento, em que o lençol da noite de núpcias é exibido para toda a comunidade. Antigamente, os pais do noivo deviam pagar um dote à família da moça, mas esse hábito já não existe mais na maior parte dos acampamentos.



A imagem dos ciganos geralmente está associada a de uma gente de vida alegre, sempre errante, reunindo-se em torno das fogueiras dos acampamentos para cantar e dançar. Seu vestuário tem, usualmente, bordados e traçados brilhantes, e usam muitos braceletes dourados e jóias. Os ciganos são também associados, de forma preconceituosa, à idéia de trapaças audaciosas e roubos.
A comunidade cigana ama e respeita a natureza, os idosos e todos os membros do grupo educam as crianças de todos, dentro dos princípios e normas próprios de uma tradição puramente oral, cujos ensinamentos são passados de pai para filho ou de mestres para discípulo, através das estórias contadas e das músicas tocadas em torno das fogueiras acessas e das barracas coloridas sempre montadas ao ar livre( mesmo no fundo do quintal das ricas mansões dos ciganos mais abastados).
Esse povo canta e dança tanto na alegria como na tristeza, pois para o cigano a vida é uma festa e a natureza que o rodeia a mais bela e generosa anfitriã. Onde quer que estejam os ciganos são logo reconhecidos por suas roupas e ornamentos, e, principalmente por seus hábitos ruidosos. São um povo cheio de energia e grande dose de passionalidade. São tão peculiares dentro do seu próprio código de ética; honra e justiça; senso, sentido e sentimento de liberdade que contagiam e incomodam qualquer sistema.
A família é a base da organização social dos ciganos, não havendo hierarquia rígida no interior dos grupos. O comando normalmente é exercido pelo homem mais capaz, uma vez que os ciganos respeitam acima de tudo a inteligência.
Este homem é o Kaku e representa a tribo na Krisromani, uma espécie de tribunal cigano formado pelos membros mais respeitados de cada comunidade, com a função de punir quem transgride, a rígida ética cigana. A figura feminina tem sua importância e é comum haver lideranças femininas como as phury-day (matriarca) e as bibi (tias-conselheiras), lembrando que nenhum cigano deixa de consultar as avós, mães e tias para resolver problemas importantes por meio da leitura da sorte.



O líder de cada grupo cigano, chama-se Barô/Gagú e é quem preside a Kris Romanis (Conselho de Sentença ou grande tribunal do povo rom) com suas próprias leis e códigos de ética e justiça, onde são resolvidas todas as contendas e esclarecidas todas as dúvidas entre os ciganos liderados pelos mais velhos. O mestre de cura (ou xamã cigano) é um Kakú (homem ou mulher) que possui dons de grande para-normalidade. Eles usam ervas, chás e toques curativos. Os ciganos geralmente se reúnem em tribos para festejar os ritos de passagem: o Nascimento, a Morte, o Casamento e os Aniversários; e acreditam na Reencarnação (mas não incorporam nenhum espírito ou entidade). Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças.
Para os ciganos, Sara, santa venerada, possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra. Ela distribui bênçãos ao povo, patrocina a família, os acampamentos, os alimentos e também tem força destruidora, aniquilando os poderes negativos e os malefícios que possam assolar a nação cigana. Seu mistério envolve o das “virgens negras“, que na iconografia cristã representa a figura de Sara, a serva (de origem núbia) que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como “Saintes Maries de La Mer“, transformando-se desde então num local de grande concentração do Povo Cigano.
A morte é outro momento significativo na vida dos ciganos. Os ciganos são místicos e dizem que quando se ouve o pio de uma coruja distante de nós é sinal que alguém vai desencarnar, porém se o pio da coruja for claro e próximo,significa que alguém passará pelo transito entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Quando um cigano seja ele um ancião ou jovem está acometido de doença  grave todos os parentes são avisados e independente de seus compromissos, essa se torna a sua prioridade. O doente jamais  fica sozinho até o seu último suspiro; os parentes estão sempre presentes, pois esse é o momento em que os ciganos demonstram, pouca emoção mas concedem muito amor em respeito e carinho ao moribundo. Após o desencarne os ciganos crêem que o espírito paire entre o mundo dos vivos e dos mortos, até que seu corpo seja entregue a terra, pois “ do pó vieste e ao pó hás de voltar”. Kalu nome dado ao feiticeiro ou Shuvani (feiticeira) celebra o ritual que é feito em silencio em uma floresta a beira de um riacho .



O fogo da fogueira apaga, porém anteriormente nele,  são colocados tomilho, sálvia, alecrim e eucalipto . Após o ritual pomana, o qual é feito em homenagem ao parente que desencarnou, sendo servido um banquete com todas as iguarias preferidas do parente que desencarnou. A partir desse momento  ele sempre será lembrado e sal memória  reverenciada, pois seu espírito zelará por suas tribos.
Os ciganos são o povo da alegria, do amor da música, são o povo do ouro da fartura da prosperidade. Apreciam a música e a dança e sempre estão em festa, mostrando dessa forma um espírito de otimismo e de muita energia positiva.
Os Presidentes Ciganos do Brasil foram Juscelino Kubitschek de Oliveira. Seu avô era um ROM Czech, Jan Kubíček, Třeboň, Bohemia, República Tcheca. O presidente Kubitschek reconheceu publicamente sua origem do Romany, e convidou freqüentemente representantes Romãs para jantar na residência presidencial.
Washington Luís Pereira de Souza, Presidente do Brasil (15/11/1926-24/10/1930), foi o último presidente democrático da república velha.
Pertenceu a uma família de ciganos de Calon.
Foi escritor e historiador, após seu retorno do exílio foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Foi também um filantropo bem conhecido.
A natureza da liberdade não é a capacidade de escolher o mal; mas a escolha do mal é consequência da liberdade, na medida em que esta reside numa criatura capaz de defeito. 
(S. Tomás de Aquino).

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